Era uma vez uma menina com medo. À medida que cresceu, o medo tornou-se no melhor amigo dessa menina. Ou assim ela o cria. Durante esse tempo, a menina transformada em jovem, a jovem transformada em mulher e a mulher transformada em Mãe, acreditaram que aquele medo as protegia. Criava uma cerca à sua volta, sempre confortável. Mas ao mesmo tempo, a menina, a jovem, a mulher, a mãe ansiavam pelo que havia do lado de lá daquela cerca. O Sol parecia brilhar, os sonhos pareciam infinitos e tangíveis… “se ao menos… se ao menos eu conseguisse derrubar esta cerca… serei capaz? NÃO ÉS!”, gritava-lhe aquela voz interior que a acompanhava desde que se lembrava da sua existência neste mundo.
Prisioneira dos seus próprios pensamentos, encurralada na sua teia de medos de todos os tamanhos e feitios, assim foi passando pela vida essa menina, jovem, mulher, Mãe… ou melhor dizendo, assim foi a vida passando por ela…o sol foi deixando de brilhar cada vez mais, até ao dia em que escureceu e ela se tolheu, num aparente acto de rendição ao Medo, esse amigo. Ou seria?
Mas a Vida…ai a Vida… ainda que nos a abandonemos, ela nunca nos abandona. E não abandonou a Mulher.
A Mulher derrubou a 1ª cerca, sentiu o calor de um raio de sol numa manhã de primavera. E Respirou. Inspirou o aroma doce da Vida e exalou o medo. Um medo, que sabia ela, era feito de muitos tentáculos. Então decidiu que cada um deles deixaria de ter lugar na sua vida. Sabia que não era tarefa fácil, mas precisava de sentir o calor do Sol, derrubar aquelas cercas e desbravar os caminhos que a aguardavam.
E assim o fez. O arame daquelas cercas é forte mas não mais que a sua renovada vontade de viver plenamente quem sempre esteve destinada a ser…
O medo, esse, já não Grita… mas ainda lhe sussurra no ouvido… mas a Mulher acredita agora numa só voz: a do Coração unida à sua Alma.
Esta é uma história ainda sem fim. Mas o que interessa o fim? O que interessa verdadeiramente, é a VIAGEM desta menina, jovem, Mãe e Mulher.