Eu era uma jovem, que acreditava que o amor, era amor para a vida toda, independentemente das dificuldades ou das tristezas. Estive numa relação durante 8 anos. Recheada de tantas coisas boas que me deixam saudades, que me fazem sorrir, e lembrar o quanto precisamos de carinho e de atenção nesta vida, olho para trás com um sentido de aprendizagem gigante.
Tinha 17 anos, ele também, sem saber o que significava namorar, comecei a achar que a minha vida só tinha sentido com ele, e nas nossas cabeças era apenas o início de um para sempre. Não pude ir para a faculdade como toda a malta do meu grupo de amigos, a vida financeira era apertada e foi necessário fazer outras escolhas. Porém com isto, da vida académica dos meus amigos, acabei por me afastar um pouco deles, achava que as nossas vidas já não eram compatíveis. Por outro lado, a relação ganhava cada vez mais força e prioridade na minha vida, de tal modo que ficava à minha frente, à frente daquilo que sou e queria.
Não há dúvidas quando se gosta de uma pessoa, mas será que sabemos quando não devemos de continuar com ela? A relação começou a ter alguns dissabores, as discussões já eram um pouco recorrentes, e sem querermos, se calhar fazíamos mais mal do que bem um ao outro. Os nossos sonhos não eram os mesmos, e em prol daquela relação eles estavam a ficar para trás, e isso originou problemas atrás de problemas. Chegamos a uma fase, em que nos magoávamos mais do que nos amávamos. Mas é sempre mais difícil deixar ir do que ficar.
Quando somos mais jovens, somos mais inseguros, e quando se trata do primeiro namoro pensamos sempre que sem essa pessoa, ficaremos sozinhos no mundo, pelo menos eu sentia que era assim, e essa ideia também assusta muito. Pensamos que os nossos sonhos perdem a força e permanecerão para sempre sonhos.
Mas eu sempre amei, sempre acreditei que o amor tudo podia, até ao dia que fiquei sem chão, sim sem chão, quando acabou, quando me apercebi que não o voltaria a ver, a abraçar, a beijar, as lágrimas não paravam, o meu coração doía tanto que eu desconhecia que tal fosse possível. Os pesadelos eram recorrentes e passava os dias a falar sobre isto! Depois decidi construir o meu próprio muro, se ninguém falasse sobre ele, eu conseguia parecer bem, porque assim não chorava.
Mas só serviu para me enganar a mim também, porque sempre que conhecia ou saia com alguém, não estava sequer a ser justa ou a dar uma verdadeira oportunidade. Porque eu apenas queria um substituto! Quando as minhas amigas perguntavam como tinha corrido, limitava-me a comparar a pessoa com o meu passado e conseguia arranjar sempre defeitos.
Demorei muito tempo a perceber que temos de nos permitir sofrer, que faz parte… que não há mal nenhum em estar triste, em chorar e em pedir ajuda. Tinha passado um ano, e eu continuava a acordar à noite com pesadelos e a chorar, eram mais as vezes que me sentia triste do que feliz, fazia o que para muitos era uma boa vida, viajava, jantava fora, tinha sempre pessoas à minha volta, e eu simplesmente tentava preencher um vazio que cada vez era maior, não consigo explicar o que sentia, mas sei que não estava feliz, nunca nada era suficiente.
E quando percebemos que a outra pessoa já avançou com a vida? Bem, pensamos que é impossível, aquele sorriso é meu, os abraços são meus, e eu sou a mulher da vida dele, aquelas frases são minhas. Pois, ninguém é de ninguém, e percebi que no deixar ir estava o meu ganho!
Foi assim que a minha vida mudou, quando eu dei tempo ao tempo, quando parei de procurar algo que nunca iria encontrar, e percebi que ninguém pode substituir ninguém. E me permiti a realmente mexer na dor.
Acredito que nunca o esquecerei, alias eu sei que não… nós sabemos essas coisas… o primeiro amor fica para sempre na nossa memória, mas agora ocupa o lugar dele. O lugar do primeiro amor, no passado, no início da minha vida. Agora eu sei que os sonhos são meus, que a prioridade sou eu e acima de tudo? Sou mais grata, não me falta amor!