Eu, uma mulher perto dos quarenta anos, bem casada, com dois filhos, tinha uma vida boa e era feliz. Tinha um trabalho que me esgotava e ao mesmo tempo me preenchia; tinha os meus filhos no início da puberdade que me davam algumas preocupações e que eu acompanhava e educava com muita entrega; tinha um marido com um positivismo desmedido, simpático, educado, empenhado e assertivo.
Enfim, eu tinha uma vida mais que normal, pelo que, nada fazia prever que o dia chegaria em que uma bomba me rebentaria no regaço. Quando esse dia chegou, concluí que afinal eu só achava que era feliz, só achava que era amada e só achava que tudo estava bem. Descobri, da pior forma, que o meu marido me traía com uma mulher mais nova e o meu mundo desabou.
…O meu marido? Impossível! Nunca! …Com aquela mulher? Nunca! …o meu marido gosta de mulheres inteligentes, pensava eu… Houve alguns sinais por parte do meu sexto sentido, mas não valorizei, porque, para mim, o meu marido era incapaz de me trair. Mas sim, aconteceu e ele confirmou.
Quando ele confirmou, foi pior ainda. Senti uma dor inimaginável. Quando ele me disse que não sabia porquê, senti uma imensa desilusão. Quando ele me disse que não imaginava que me iria magoar tanto, senti uma angústia desoladora. Quando ele me confirmou que ela era fútil e não representava qualquer significado para ele, senti uma enorme vergonha pela sua falta de amor-próprio, anormal nele e pela enorme falta de respeito em relação a ele, a mim e ao nosso casamento. Acima de tudo senti uma grande dor pela quebra de confiança, pela quebra dos votos jurados um ao outro.
Chorei muito, por mim e pelos meus filhos. Chorei sempre em segredo porque não queria que os meus filhos se apercebessem. Acima de tudo não queria que eles ficassem com uma ideia errada do pai, o mesmo pai que eles veneravam como a pessoa mais forte e assertiva que eles conheciam. Queria que eles continuassem a vê-lo como um modelo, um exemplo. Também não queria que os meus pais e irmãos tivessem conhecimento do meu sofrimento, por isso chorei sozinha, em silêncio. Quase caí numa depressão, quase definhei física e psicologicamente. O meu desespero era indescritível. Queria morrer, desaparecer, queria fechar-me ao mundo, mas não podia abandonar os meus filhos e a minha família. Só por isso resisti.
Paralelamente o meu marido admitiu os seus erros e fez tudo para me reconquistar, para ganhar a minha confiança, o meu respeito e o meu coração. Aos poucos e com muita paciência, muito carinho, muita dedicação e também muitas lágrimas e algumas dúvidas pelo meio, o amor voltou e superou a traição. E assim, o que poderia ter acabado num divórcio e muita infelicidade no seio da minha família, tornou-se num casamento revitalizado, mais forte, mais sólido, mais puro, sincero e invencível. Passaram mais de 15 anos e nós continuamos cada vez mais unidos e queremos envelhecer juntos… até que a morte nos separe.
Esta é uma história com um final feliz. Uma história de esperança, perseverança, superação, fé e muito amor.
Vale a pena sofrer, lutar e perdoar. Quem nunca errou, que atire a primeira pedra.
Bem hajam!